sexta-feira, 24 de maio de 2013

Os espinhos do Jardim


Os espinhos do Jardim


Eu já fui bem estúpido
bem mais do que sou agora
já me emocionei com filmes de Natal
já eu disse eu te amo mais de duas vezes
pra mesma pessoa
já chorei no cinema
ao ver histórias de amor
já mandei flores
já me decepcionei
tolices

Eu já fui bem estúpido
bem mais do que sou agora
fui tolo ao achar
que podia fazer o mundo sonhar
com dias melhores
com pessoas melhores
o amor é o remédio da humanidade
tome dois comprimidos por dia
e se der,
me convide pra jantar
nunca foi ingenuidade
era esperança
tolices

Eu já fui bem estúpido
não vou deixar de ser

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Ode ao Sido


Essa poesia que irei publicar aqui hoje foi minha escolha para o concurso promovido pelo Canal Futura, do programa Afinando a Língua. Por este motivo, ela vai "furar a fila" e ser publicada aqui antes de algumas anteriores a ela. Na verdade, ela encerra o livro que editei intitulado "Acidental como o Trovão - Versos e outras prosas", onde compilei as poesias que considerei dignas de publicação, anexando comentários, assim como faço aqui no blog. O motivo de escolhê-la não foi por ser a mais atual (dessa compilação, pois existem coisas mais recentes), mas talvez o fato dela ser uma tentativa que fiz de estabelecer contato com um "eu" que se perdera, mas que permanecia vivo em todas as poesias, em tudo que eu escrevera até então. Foi como fazer as pazes com o adolescente que eu não era mais, mas aceitando e celebrando a parte dele que ainda existia em mim.

O fato é que ela foi escolhida para o tal concurso, só que o tal concurso só aceitava a inscrição de vídeos... pois é... Era para cantar, ler ou recitar sua obra. Não quis perder a oportunidade, então aceitei as regras do jogo. Não sou ator, e me achei super estranho ali, recitando, tentando interpretar... e disfarçadamente lendo os trechos que não lembrava...rs... Fiz o vídeo, editei e publiquei no youtube, outra exigência do concurso... não gosto muito do clima do youtube... sei lá... uma imensa feira livre virtual, onde frutas maravilhosas dividem prateleiras com cascas podres... um canção lírica e maravilhosa seguida de um sujeito arrotando o hino nacional, coisas desse tipo... rs... Mas enfim, é sem dúvida uma grande janela pra muita gente, e cada um mostra em sua janela o que bem entender...

Eis a poesia, escrita em dezembro de 2010:

Ode ao Sido


É estranho olhar para ti a esta distância
É estranho olhar nestes olhos tão intensos
Compartilhar por um instante tamanha inquietude
Tal procura por abrigo
Por uma centelha que iniciasse a combustão plena
Daqui de longe, é fácil parecer mais sábio, menos inquieto
Talvez até o seja, mas olhar para tua paixão me faz apaixonar-me tal qual
E talvez seja isso que me faz olhar para ti vez por outra
Buscar em ti o que pareço perder
E estar aqui, olhando, já me faz saber que encontro
Pois a busca por ti me traz de volta a mim
Olho eu teus olhos invertidos
E tento inverter meu contra-senso
Tento buscar a centelha
Pois hei de tê-la sempre
E roga por não perdê-la, e nem perder-te nela







sexta-feira, 17 de maio de 2013

Estrelas Cadentes


Estrelas Cadentes


“Às vezes, quando a gente ganha,
a gente perde”

Tive medo de lhe perder
hoje meu medo
é de nunca ter tido você
parecia ser verdade
só que eu nunca vou saber
não foi de propósito
mas também não foi sem querer
há coisas que doem
e há coisas que fazem doer

O amor é uma lata vazia
perdida no lixo do meu coração
palavras omitidas
são pássaros que não aprendem a voar
continuo seguindo a estrada da minha vida
que continua parecendo
não dar em lugar nenhum
pode ser só mágoa
mas acho que é decepção
sinto algo morrendo dentro de mim
espero que não seja meu coração

Hoje eu descobri que nesta vida
nunca tive o que quis
por ter o que os outros queriam
meu reino por um amor sincero
minha vida,
pra que ele seja eterno

“As vezes, quando a gente perde,
a gente ganha”

Nota: Os versos que iniciam e terminam esta poesia estão em meu caderno com as mesmas aspas que coloquei aqui. Contudo, já não sei precisar se elas estão aí por se tratar de alguma citação, de algum ditado popular ou se eram versos meus e por qualquer razão os coloquei em destaque... seja como for, não me fizeram recordar nada em especial, o que me faz acreditar que sejam versos meus ou adaptação de algo que alguém tenha me dito...

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Castelos de Areia





A paciência é a mãe
de todas as virtudes
talvez eu seja o maior tolo do mundo
por achar
que posso ser feliz junto contigo
mas seria bem mais tolo
se achasse que podia ser feliz
longe de você
e é sendo um pouquinho feliz cada dia
que a gente acaba
sendo feliz a vida inteira

Gente inteligente
fazendo coisa inteligente
pra algum ignorante destruir
gente apaixonada
fazendo coisa atrapalhada
pra alguém morrer de rir
as frutas mais maduras
também precisam de ajuda pra cair

Pode ser que a gente se ame
por toda a eternidade
ou só até o fim desta canção
mas toda onda quer ir além
todo mar quer vencer a arrebentação
somos mestres na tola crença da veracidade
já que a felicidade
é a mentira que virou verdade
porque todo mundo acreditou

Dos pedaços da sua lembrança
fiz meu castelo
onde hoje eu me escondo
e espero por você
porque lá longe
perto do horizonte
há uma nuvem que me lembra seu sorriso
e uma estrela que me traz o seu olhar

Meu coração ainda bate por você
bate pelo que pensei que você fosse
bate pelo que achei que seríamos juntos
e é verdade,
às vezes bate só por bater


Nota: Lembro do momento em que escrevi essa última estrofe... foi uma daquelas que minha assinatura, no fim da página do caderno, saiu com uma linha a mais que puxava do fim do texto... fiquei orgulhoso quando escrevi, achei bonito, encaixado, verdadeiro... eram momentos raros em que o texto que saía dizia exatamente o que eu queria dizer...

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Pequenas lições de como se fazer poemas de amor




         Antes de qualquer coisa, se apaixone. Não se fazem poemas de amor sem paixões mal resolvidas. Lute para que esse sentimento dure, e não consiga. A frustração é parte importante de um bom poema de amor. Seja sincero, romântico, e pareça bem frágil. Pessoas fortes não escrevem poemas de amor. Tente fazer as coisas certas, contanto que dê tudo errado. Nada como uma boa dose de coisas mal entendidas. Espere tudo da pessoa que você ama, e se decepcione. Seja bem verdadeiro, não tenha medo de se expor. Medo não combina com poemas de amor. Faça tudo que você puder pela pessoa que você ama, se entregue. Seja trocado por alguém bem pior que você. Sofra. Mas não aquele sofrimento que ninguém vê, tem que se despedaçar. Sofra por muito tempo. Pessoas que se recuperam rápido não escrevem bons poemas de amor. Fique sozinho. A solidão é indispensável.
         Pronto! Escreva seu poema de amor. Mas não repita muitas vezes esse processo, ou você corre o sério risco de se acostumar...

Alexander C. Fonseca


Nota: Escrito por volta do ano 2000, pouco antes ou pouco depois... virada de milênio, final de adolescência... quando escrevi isto, eu estava certo de que o universo conspirava contra mim, de que eu estaria fadado a conviver com um mundo frio que não me entendia, tanto quanto eu não entendia ele... Hoje sei que o cenário era fruto de minhas escolhas... jamais conseguiria amoras em uma plantação de uvas... e nada contra as uvas, afinal há quem as prefira... optar por elas e reclamar de seus sabores, de suas texturas é que era o erro... uma conspiração não do universo, mas minha... hoje procuro por minhas amoras onde posso encontrá-las, e se não as encontro, sigo procurando... e as que encontrei cuidei com carinho, pois são raras... fiz conservas, guardei como compotas, cristalizei para que durassem e me acompanhassem até quando for possível... Quanto às lições? Já não as dou... rs... cada um encontrará as que precisar em si, em sua própria plantação e nas colheitas que se permitir fazer...