sábado, 19 de dezembro de 2015

À morte



Eu quero é morrer...
mas não de morte matada
quero morrer de cansaço
transbordado da alegria que me cansar as pernas
quero morrer da tristeza
que ocupar a ausência de quem amo
porque pior do que morrer de amor
é morrer de engano

Se a vida for a cegueira
dos olhos que marejam de saudade
se for o sufoco
de quem não respira de tanto correr
então até quero viver
quero viver perdido
sem vontade de encontrar
quero viver louco, vadio, vazio
vazio para que tudo possa me preencher
e nada se demore em querer me completar
porque meu vazio também sou eu
meu deserto também é mar

Só não quero viver de tédio
dessa gente rasa
que enche, mas não agrega
e dessa vida besta
que passa, mas não leva nem deixa nada

Eu quero é morrer,
mas não de morte matada.


18 de Julho de 2013