quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Caminho

Assim que se sai da casa da Tristeza – que adora fazer visitas, mas escolhe a dedo quem chama para morar com ela – à direita, subindo a rua, é possível ver a Negação cortando a grama de sua casa. Mais à frente a Raiva tateia no chão de sua varanda em busca de seus óculos. No alto da rua, mais umas tantas casas à frente, mora a Esperança. Essa aceita qualquer visita, há quem passe a vida encostado à sua varanda, sua casa é uma algazarra, ela não se preocupa em arrumar e não se importa que baguncem. Um pouco antes dela, uma casa de poucas janelas, de pouca mobília e de portas sempre fechadas. Lá, quase no meio do caminho entre a Tristeza e a Esperança, vive a Lucidez. Ela quase não sai de casa e recebe poucas pessoas, que chegam e saem muitas vezes sem nem passar da varanda, trocando apenas poucas palavras. Com ela, ninguém mora. Dizem que lá dentro o silêncio é tanto, que nem o Tempo, que já viveu com ela e é o mais paciente de todos, 
conseguiu ficar.

22 de novembro de 2017.


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